quinta-feira, 15 de março de 2012


A maioria das vezes sem darmos conta, acumulamos pela vida uma carga desnecessária. Aqui e ali vamos somando peso ás horas, aos dias e, quando damos por isso - e darmos por isso é já um excelente indicador de capacidade para interpretar o desconforto que nos assola - são já meses e mesmo anos. Por distração, incapacidade de fazer limpezas cíclicas ou até, estranhamente, por declarada opção, vamos colecionando pequenos nadas, ninharias dos desencontros do dia a dia, lixo relacional. Entre a carga desnecessária que vamos transportando, sobressaem uma boa parte das vezes as pedras que vamos levando no sapato e que, quando não desalojamos rapidamente, acabam por sorrateiramente se infiltrar por muitos lados, até se instalarem no coração. Silêncios mudos de palavras guardadas em momentos de dor e indignação. Pesos excessivamente desnecessários que somos muitas vezes incapazes, por medo, preguiça ou displicência, de aliviar na devida altura.
A distração é uma caracteristica engraçada - em alguns casos confere até algum charme adicional -, mas distraírmo-nos de cuidar dos nossos fardos, além de não ter piada, é, infalivelmente a médio ou longo prazo, um grave risco para a saúde. 
Se a cada dia que te levantas te sentes cada vez mais pesado, alivia a tua carga. Olha para as tuas mãos. Corta as amarras, és tu quem tem a tesoura e tudo. Quando se libertarem do coração e voltarem ao solo, onde pertencem, pega nelas para fazer um novo caminho. A vida é tão breve quanto leve. O peso que tem só depende de ti.